"No mundo, há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um". Gandhi

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Brasil no Mundo: de potência regional a potência mundial

"The existence of local balances of power has served to protect independence of states in particular areas from absorption or domination by a locally preponderant power". Hedley Bull, 1977.

Há 10 anos, quando a Goldman Sachs pôs o Brasil no pacote das economias emergentes, criando o acrónimo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), muitos duvidaram do seu real potencial, pois para a maioria das pessoas, o Brasil era só Samba, Carnaval, Futebol e Praia. Pois bem, o Brasil é tudo isto e muito mais, conseguindo ao longo desta última década provar que é uma das maiores economias em ascensão, digno de confiança e credibilidade na cena internacional.

Fazendo uma comparação breve com os restantes países do acrónimo, o Brasil é o que parece ter um futuro mais sólido na cena internacional. A grande maioria tem falado da China como a futura potência hegemónica, a grande salvadora da crise económica global, mas a verdade é que a China ainda tem muito que fazer a nível interno, pois a sua economia planificada e planos a longo prazo, não serão suficientes para preencher todos os critérios do mundo do ocidente. Democracia e Direitos Humanos são algo de que não se pode falar na mesa de negociações, e será neste sentido que a China irá ficar se prejudicar internacionalmente. Quanto à Índia, esta tem-se debatido no seu dia-à-dia com conflitos étnicos e religiosos, para não falar também dos "vizinhos" hostis, que causam grandes dores de cabeça. Para além disso, segundo o relatório do Fundo de População das Nações Unidas, em 2025, a Índia irá ultrapassar a China em população, sendo este um problema enorme para o país, o que irá aumentar ainda mais a pobreza e desigualdade social. No que diz respeito à Rússia, esta tem-se principalmente empenhado nos acordos da exportação de petróleo, gás e armas, tendo somente em vista os seus interesses, desrespeitando por vezes os seus parceiros. Apesar de não terem uma estratégia comum oficial, os BRIC têm-se reunido várias vezes para discutir assuntos da agenda internacional.

Tanto o Brasil, como a Índia e a China, têm apostado bastante nas suas políticas externas, com objectivos e prioridades bem definidas, e isso viu-se este ano com a entrada da África do Sul no grupo. Estratégia pura, diria eu, face aos interesses dos Estados Unidos da América e da União Europeia no continente africano. A África do Sul tem-se vindo a afirmar como a principal potência regional, tendo na sua grande maioria, boas relações com os seus países vizinhos. Deste modo, os BRIC precaveram os seus interesses na região e convidaram a África do Sul a juntar-se ao "jogo internacional de titãs", tornando-se agora BRICS.

Evidenciando a diplomacia brasileira, estes últimos vinte anos têm vindo a surpreender pela positiva, as grandes potências mundiais, conseguindo desta forma, contornar todos os obstáculos para o reconhecimento internacional do Brasil como grande potência. Um dos exemplos, é a pretensão do Brasil em ser membro permanente do Conselho de Segurança da Nações Unidas, moldando, deste modo, a sua política externa em torno do seu potencial económico, energético e militar. Potência regional inquestionável, o Brasil "usa" o Mercosul para se fortalecer no Cone Sul, apoiando-se na Realpolitik. Um outro aspecto não menos importante, é a criação da Unasul e do Conselho de Defesa, onde mais uma vez o Brasil lidera, buscando deste modo contrabalançar o poderio norte-americano no continente. Para assegurar esta liderança, é indispensável ter vizinhos estáveis, por isso o Brasil tem-se empenhado na integração regional, acordos bilaterais e acordos multilaterais. Havendo equilíbrio na balança de poderes a nível regional, mais fácil será a afirmação a nível mundial. O mesmo não se tem visto com os restantes países emergentes.

O que me leva a concluir que o Brasil é de facto o país que tem mais hipóteses de se afirmar na cena internacional, prende-se primeiramente com as suas riquezas - cobiçadas pelo resto do mundo - quer a nível de petróleo (camada do pré-sal ao longo da costa), minerais, produtos agrícolas, etc. Para além disso, é importante evidenciar que o Brasil detém as maiores reservas de água doce/potável do mundo. Em segundo lugar,  de todos os países emergentes, o Brasil é quem tem demonstrado maior empenho em atingir os Objectivos do Milénio. Segundo a Goldman Sachs, se a taxa de crescimento se mantiver por volta dos 5%, o Brasil tornar-se-á na quinta maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bretanha e a França ainda nesta década. Apesar de todos os esforços, o Brasil ainda tem muito que fazer a nível interno, sendo que tem vindo a apostar em reformas sociais e educacionais desde o governo Lula. Mesmo sendo notados alguns resultados, estas reformas levam o seu tempo, pelo o que ainda persiste uma grande desigualdade social. Com a realização do"Mundial de Futebol" em 2014 e dos "Jogos Olímpicos" em 2016, o Brasil terá a oportunidade de provar a si mesmo e ao mundo de que não só é uma potência regional, como também uma potência mundial.



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"Ouro Azul"



A escassez da água doce/potável é um problema que afecta toda a população mundial, onde muitos Estados já se deparam com esta realidade. Segundo o relatório do Fundo de População das Nações Unidas, estima-se que durante este ano seremos 7 mil milhões de pessoas, e que em 2050 chegaremos aos 10 mil milhões. Conjugando estes dois factores, poderemos no futuro fazer face a uma "guerra" mundial pela água.

Actualmente cerca de 1,6 mil milhões de pessoas vivem com falta de água, onde 5 milhões de pessoas (principalmente crianças) morrem todos os anos devido a doenças derivadas do consumo de água não potável e devido ao consumo insuficiente. Estima-se que em 2025, cerca de 2,3 mil milhões de pessoas viverão com falta de água. Estamos perante o maior problema do século XXI, pois ninguém consegue sobreviver sem água!

A História ensina-nos que o Homem sempre tentou controlar os recursos para seu proveito através da guerra. Desde o ouro, diamantes, especiarias, petróleo, etc., sempre houve uma necessidade de dominar o outro. Nestas últimas décadas têm sido frequentes as guerras pelo domínio do petróleo sob o escudo da ingerência humanitária e democracia. Pelo o que tenho lido e aprendido, isto leva-me a concluir que iremos voltar às guerras "medievais", onde não haviam escrúpulos para matar seja quem fosse, iremos sofrer portanto de um retrocesso.

Em 2001, na Cimeira da Água, acordou-se que "a água doce não será privatizada, comercializada, ou explorada para propósito comerciais e deve ser imediatamente isenta de todo acordo bilateral e internacional e de acordos de investimentos existentes e futuros". No entanto, este acordo tem sido posto de lado pela a indústria da água, sendo esta dominada pelas grandes corporações, tais como a Vivendi Universal, Suez, Bouygues-SAUR, RWE-Thames Water, Bechtel-United Utilities, Eron Azurix, entre outras. Estamos perante dois paradigmas, o paradigma do mercado e o paradigma ecológico.

Entre os países e regiões ricos em água doce estão: o Alaska e o Canadá (América do Norte); o Brasil (América do Sul); a Áustria e a Noruega (Europa); a Rússia (Europa/Ásia) e a Malásia (Ásia).
Entre os países e regiões pobres em água doce estão: o Médio-Oriente; a África do Norte; a China e a Singapura.
Os conflitos pela água serão inevitáveis, o que irá originar uma instabilidade política e económica entre os países. 
Esperemos que o bom-senso dos países ricos deste bem, imprescindível para a humanidade, prevaleça.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Boas-Vindas

A criação deste blogue vai ao encontro do desejo de partilhar o meu olhar sobre o mundo e também de transmitir os diferentes olhares espalhados por esses "paralelos" a fora.

Vivemos num mundo cada vez mais globalizado, onde novos paradigmas exigem um olhar mais atento e interventivo, sendo por isso necessário uma análise mais abrangente, tendo em conta os vários tipos de cultura, desenvolvimento e suas problemáticas.

Neste sentido, procurarei desenvolver temáticas que dizem respeito às Relações Internacionais, evidenciando a Cooperação Sul-Sul (através dos países emergentes), a Diplomacia e a Segurança Humana.